Hoje foi o último dia de funcionamento do mercado de capitais brasileiro. Apesar de fechar hoje com alta de 0,39%, o índice BOVESPA teve uma queda de 18,11% no ano, pior resultado nos três anos em que eu opero.
Isso quer dizer que quem investiu em ações teve prejuízo de 18%? Nem de longe. Essa foi a queda média da "cesta" de ações que compõe o índice, pouco mais de sessenta.
Quem investiu em setores defensivos, como elétricas, por exemplo, se deu bem: além dos dividendos recebidos ao longo do ano, a maioria apresentou boa valorização.
Do meu lado, operando na ponta mais arriscada, ações ligadas a comodities - petróleo e mineração - até que o ano não foi dos piores. Pelo contrário: tirei o prejuízo e ainda saí com um ganho 66% maior que 2010.
O resultado somente não foi melhor porque resolvi "depurar" a carteira, livrando-me das PETR4 e das BVMF3, trocadas por OGXP3 e VALE5. Com isso, contabilizei prejuízos consideráveis, o que reduziu o ganho final com opções e dividendos. Como prêmio de consolação, já até esqueci como é que se preenche o DARF de imposto: os prejuízos estão todos sendo compensados com o imposto que seria devido, o que é um benefício fiscal excelente, que quem não conhece o mercado ignora.
Mas o mais importante é que, com mais um ano de experiência, aprendi algumas coisas novas, interessantes, que tornaram mais tranquilo o manejo da carteira.
Os erros cometidos em 2010 me proporcionaram algum aprendizado, e melhorei minha performance nos seguintes aspectos:
1) Nunca recomprar opção no prejuízo: lançou tá lançado. Se der exercício, ótimo, realizo lucro. Opção não é "borboleta" pra você ficar correndo atrás nos altos e baixos. Estabeleça uma estratégia e tente cumpri-la. Ano passado tomei prejuízos com PETR4 e VALE5 fazendo esse tipo de bobagem. Se tiver medo de exercício, venda OTM (out of money, no blog eu explico).
2) Valor da opção lançada caiu mais de 1,5% do valor do custo médio das ações, fechar a operação e lançar na série seguinte, no strike equivalente ou superior. Não dá pra ficar esperando o prêmio da série seguinte "derreter". Ganho de 1,5% a 2% por mês sobre o valor da carteira é um ganho interessante, difícil de ser atingido em um ano ruim como o de 2011. Por outro lado, pode acontecer de inverter, e ficar inviável a recompra. Tem que ter agilidade, mané! Lambari tem que ser esperto, senão vira Sardinha! Foi um dos erros que também cometi em 2010, e que corrigi em 2011.
3) Não vender opção "no pó". É pura perda de tempo, e um risco desnecessário, para um ganho pífio. Outra besteira corrigida no "modus operandi".
4) Toda compra de ações deve seguida de um lançamento de opções ITM (se estiver acima do preço médio) ou ATM (abaixo do preço médio). O segundo lançamento, em caso de queda da ação, já é ATM ou OTM, respectivamente. Isso porque nunca sabemos quando vai parar de cair. Esse tipo de venda reduz de cara o prejuízo de uma compra num momento errado, e favorece o psicológico, pois "abatemos" a perda com o lucro da opção. Para maiores informações sobre os diversos tipos de venda de opções, veja postagem específica no blog.
5) Somente lançar no valor do preço médio em casos extremos, de baixa muito forte. E começar com quantidades menores, só aumentar se a coisa for ficando feia...
6) Evitar o "all in" . É bom ter alternativas, caso as coisas não saiam conforme previsto.
7) Somente possuir em carteira ações de empresas que você conhece e que já adquiriu confiança, e que saiba operar. Livre-se do que não tem perspectiva pelo menos razoável. Em 2010 livrei-me de TNLP4. Em 2011, limpei a carteira de PETR4. Não tive prejuízo, no final, em nenhuma delas. Mas não gosto da gestão, da governança e do tratamento aos minoritários. Especialmente pela PETR4 e seus "barbudos".
8) Uma dose de risco é necessária: aposta em OGXP3 é especulação fundada na perspectiva de começo de produção. Pode dar certo, ou não. Mais arriscada que PETR4 não é.
9) Fraqueza demais não é sinal de força. É o atual momento de VALE5, que não está reagindo. Deixei de comprar a 38, e optei por OGXP3 e BVMF3 por já estar muito exposto. Vamos mantendo a carteira, sem novas compras, até mostrar sinais de recuperação. Senão, nada de aumentar a carteira.
10) Diminua os custos de operação. Eu já havia trocado a Ágora, que cobra $20,00 por ordem, pela BANIF, que cobra $15,99, o que resultou numa boa economia. No segundo semestre, a ATIVA lançou uma corretagem de $4,40 para opções. Uma redução de 78% nos custos de operação com opções, só por sair do comodismo e conhecer alternativas. Faz muita diferença.
Bem, em síntese foram esses os "aprimoramentos" que vivenciei ao longo de 2011, e acrescentei ao conhecimento adquirido em 2010. Acredito que a aplicação desses conhecimentos em 2012 possa trazer um ano de ganhos ainda maiores, e minimizar os prejuízos. Veja-se que estamos operando numa das piores bolsas do mundo, em termos de valorização!
Não se pode perder de vista que a situação da economia mundial está perigosíssima. Acredito que recessão na Europa é inevitável. Que quebras de bancos também serão inevitáveis. A possibilidade de depressão é real. Por isso reduzi minha exposição às ações - hoje equivale a "apenas" 51% dos meus investimentos. Mas, bem administrada, uma carteira de ações traz uma rentabilidade interessante, com os dividendos e as opções.
Mercado é caos, não há um padrão confiável. Mas existem boas práticas para quem opera com ações, que a experiência já demonstrou trazerem resultados positivos. A busca por essas práticas deve ser uma constante, como a busca pelo lucro. Só assim se sobrevive nesses momentos de turbulência.
Um abraço a todos e feliz 2012!
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