Olá pessoal!
Enquete realizada pela Banifinvest mostrou que 55% dos investidores não têm conhecimento algum sobre opções, e outros 13% não querem ter.
Considero um percentual muito elevado, e que dá bem a mostra da ignorância do brasileiro a respeito do mercado de capitais.
Embora já tenha postado a respeito há muito tempo atrás, acho interessante falar novamente sobre o tema. Inicialmente, falarei somente das opções de compra as únicas com liquidez no Brasil.
Opção de compra (call) é um DIREITO que você vende a alguém. Direito desse alguém comprar algo que você possui, até uma data limite, por um preço pré-fixado.
O contrato de opções sobre ações (que é o que interessa) vence toda terceira 2a feira de cada mês. Amanhã, por exemplo, dia 20 de junho, vencem os contratos da série F.
Por que série F?
Porque é a 6a letra do alfabeto, e correponde ao 6o mês do ano, junho. Assim, janeiro é a série A, fevereiro B, março C etc.
Mas afinal, para que servem as opções? Vou dar um exemplo prático.
Suponha que você possua 1.000 ações preferenciais da Petrobrás (PETR4). Suponha que você queira remunerar sua carteira no mês de julho. Pois bem, você pode vender de 100 a 1.000 opções PETRG26, por exemplo, e faturar algum, enquanto a ação não sobe.
PETRG26 significa que você terá de entregar a ação, até a terceira segunda-feira de julho (G), pelo preço de R$26,00, se ela atingir ou ultrapassar esse valor.
Para ilustrar: sexta-feira, dia 17, a opção PETRG26 fechou cotada a R$0,10. Se você vender as 1.000 PETRG26, fatura R$100,00. O único risco é a cotação subir muito, e você ser exercido, como já me aconteceu várias vezes. Assim, se em julho a ação estiver a R$28,00, você é obrigado a entregá-la a R$26,00. Na verdade, a R$25,58 (preço de exercício), pois os proventos distribuídos anteriormente são descontados. Por outro lado, se até 18 de julho as ações não atingirem o valor de exercício, as opções perdem valor, "viram pó", no jargão do mercado, e você pode lançar de novo para o mês seguinte (Série H, agosto), caso já não tenha recomprado por um valor menor, fechando a operação e liberando as ações para outra venda.
Essa é a operação mais simples que se pode fazer com opções, e se chama venda coberta. Coberta porque você está vendendo algo que já possui, ou seja, suas 1.000 PETR4.
Manejadas com responsabilidade, as opções são um ótimo instrumento - o melhor deles - para se obter uma renda mensal sobre uma carteira de ações.
Existem três modalidades de venda de opções: ITM (in the money), ATM (at the money) e OTM (out the money). Na primeira, você vende por um strike (preço de exercício) abaixo do valor da ação. Ex: compro OGXP3 a 15,50, e lanço OGXPF14. O valor da opção será superior a $1,50, pois entregarei a ação a 14,00, e meu lucro será a diferença.
Venda ATM é no strike próximo ao valor da ação.
E venda OTM, a melhor de todas para quem quer remunerar a carteira de ações, é quando o strike está acima do valor atual da ação. Ex.: VALEG45. Só "perco" as ações se chegarem a 45,00. Caso contrário, fico com o prêmio (valor da opção que recebi no ato da venda) e posso vender novamente.
Por outro lado, manejadas de forma imprudente, as opções podem levar a perdas imensas, até maiores que o capital investido, no caso da venda a descoberto (quando a pessoa vende a opção sem possuir o ativo).
Mas a forma mais simples de perder dinheiro com opções é a chamada "compra a seco", modalidade mais utilizada pelo "investidor" brasileiro. Isso porque, em regra, as opções têm baixo valor (na maioria das vezes centavos, ou poucos reais) e podem propiciar ganhos enormes em pouco tempo, não sendo incomuns variações de até 50% no mesmo dia.
Em contrapartida, têm prazo de validade e, decorrido esse, se não houve a valorização esperada, a perda pode chegar a 100 % do capital investido.
No Brasil, poucas ações têm liquidez em opções, embora PETR4 e VALE5 sejam as opções mais líquidas do mundo! Além delas temos ofertas permanentes no home broker em OGXP3, BVMF3, TNLP4 e muito pouco em ITUB4, BBAS3 e GGBR4 (essas eu nunca operei).
Existem também as chamadas opções de venda (PUT), que são exatamente o contrário das de compra: você vende o direito de comprar uma ação a um determinado preço. São instrumentos de "hedge" (proteção), sobre os quais já postei no blog, vale conferir.
Tenho pra mim que a forma de operar em bolsa reflete a personalidade da pessoa. Aqueles que são responsáveis e têm senso de limite, com certeza não brincarão com opções, pois sabem que são um instrumento que pode ser perigoso. Utilizadas com sabedoria, são excelentes instrumentos de remuneração e proteção da carteira. Utilizadas irresponsavelmente, poderão trazer sérios prejuízos aos incautos, que fazem coisas erradas e depois jogam a culpa no mercado.
Vale a pena conhecer esse mercado. Lance no home broker e acompanhe por um tempo, depois faça uma venda coberta bem OTM. Pode ser uma experiência bastante rentável ao longo do tempo.
Um abraço a todos.
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