sexta-feira, 20 de maio de 2011

O PARADOXO DA BOLSA BRASILEIRA

Olá, amigos!

De acordo com Aurélio Buarque de Holanda, paradoxo tem conceituações que vão de contradição, pelo menos aparente, a disparate e absurdo.
Prefiro adotar a primeira para definir o atual momento por que passa a bolsa de valores brasileira, que de uma projeção de superar 80.000 pontos no final de 2010 (superou 72.000 em novembro), hoje ostenta um patamar abaixo de 63.000 pontos, enquanto seu referencial de maior peso, o Dow Jones Industrial Average, da bolsa de Nova York, ultrapassa os 12.500 pontos, encontrando-se em patamar bastante elevado para uma economia ainda em crise.
O paradoxo reside exatamente aí: o Brasil hoje sofre com o aquecimento da economia, enquanto os Estados Unidos ainda se recuperam com extrema lentidão da crise brutal que se lhe abateu em 2008.
Basta lembrar que os americanos perderam nada menos que 8 milhões de empregos, os quais vêm tentando recuperar mês a mês, desde então; por outro lado, o Brasil bateu recorde de contratação de trabalhadores com carteira assinada. O mercado interno continua aquecido - até demais, a ponto de gerar pressões inflacionárias. Há uma inegável melhora na distribuição da renda, com uma consequente inserção de milhares de brasileiros no mercado de consumo.
Não bastasse, nossas riquezas naturais continuam colossais. Reservas gigantescas de petróleo ainda inexploradas, riqueza mineral incomparável. Mega empresas como Petrobrás e Vale batem sucessivos recordes de lucros. Mas a bolsa mostra-se débil, ostentando patamares cada vez mais ridículos em comparação com a solidez e lucratividade das empresas.
Como investidor individual, e fascinado por esse mercado, por ver nele uma das manifestações mais expressivas de democracia dentro do capitalismo, pois permite a qualquer um que disponha de capacidade mínima de poupança tornar-se sócio das maiores e melhores empresas, à sua escolha, fico a procurar as causas - se é que existem - para o que está acontecendo.
Não sou economista, nem tenho formação acadêmica na área. Mas, como alguém que acompanha de perto os acontecimentos e, mais, investe a maior parte de suas economias no mercado de capitais, tenho algumas opiniões que gostaria de compartilhar.
A razão para o que está acontecendo é uma só: o Brasil não possui mercado interno quando o assunto é investimento em ações.
Não é difícil constatar essa realidade, basta ver que as altas da bolsa normalmente são ocasionadas pelo ingresso de capital estrangeiro; no sentido contrário, quando esses recursos saem, ou não entram, o resultado é a fraqueza da bolsa.
Em termos de pessoas físicas, existem menos de 600 mil brasileiros como eu investindo diretamente na bolsa.
E por que não temos mercado interno quando o assunto é investir em ações?
Por falta de educação financeira.
Assim como o brasileiro não conhece a aplicação mais segura e rentável em se tratando de renda fixa, que é o Tesouro Direto, ignora por completo a oportunidade que tem de participar dos lucros de empresas respeitadas no mundo inteiro, e com isso garantir um futuro melhor.
Quem compara o desempenho das bolsas americana e brasileira tem absoluta convicção que o Brasil vive a pior das crises, e que os americanos retomaram toda a pujança de sua economia, o que está muito longe de ser a verdade.
O Brasil nunca esteve tão bem, e penso que vai melhorar ainda mais. Posso estar errado, mas acredito mais na capacidade gerencial do atual governo que no anterior.
Mas a ignorância financeira do brasileiro é assustadora, e atinge indistintamente todos os níveis sociais. Aliada a um comodismo cultural crônico, torna-se um obstáculo quase intransponível ao desenvolvimento do mercado brasileiro. Quase, pois, com o tempo, assim como foi com a democracia e a economia, também evoluiremos nesse aspecto.
Em se tratando de bolsa, a maioria das pessoas tem postura preconceituosa acha que é um "cassino", que é jogatina pura. Não é. Se fosse, convenhamos, o arisco capital estrangeiro não vinha pra cá... A BM&F BOVESPA tem adotado políticas para divulgar nosso mercado, que devem ser incrementadas ainda mais.
Leva algum tempo para aprender, demanda a leitura de livros, pesquisas na internet, toma-se alguns prejuízos no início, mas quando se entende o que significa possuir ações de uma determinada empresa, e o que elas podem dar de retorno ao longo do tempo, a situação muda completamente de enfoque.
Como "holder", tenho por estratégia aumentar cada vez mais o número de ações em minha carteira. Mas somente ações de empresas sólidas, que dão lucros, distribuem dividendos e me permitem ganhar um extra com opções. Não compro ações para vendê-las - exceto quando sou exercido em opções, mas isso é outra história -, isso é estratégia de trader, dá muito trabalho. Compro para aumentar meu capital e, consequentemente, minha renda com dividendos e opções.
Por isso, não tenho muito problema, particularmente, com a fraqueza do mercado, pois é a oportunidade de comprar mais ações, já que meu salário é fixo, e o valor reservado a poupança também.
Acredito que levará tempo para o brasileiro descobrir que suas empresas estão entre as mais baratas do planeta, e que vive num país que já enfrentou adversidades muito maiores que as que agora enfrenta, mas que ainda tem um potencial gigantesco de crescimento, enquanto economias já "maduras" encontram-se em crescente estagnação.
Um abraço a todos!

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