Olá, amigos!
É sabido que as ações da Petrobrás, em especial as preferenciais (PETR4), têm sofrido bastante no último ano, por conta principalmente de um processo de capitalização tido pelo mercado como prejudicial aos interesses da empresa e dos acionistas minoritários.
De fato, há pouco mais de um ano atrás, no dia 2 de dezembro de 2009, a cotação atingia seu maior valor em dois anos: R$ 39,21.E há menos de duas semanas atrás, atingiu sua cotação mínima em um ano: 23,90, no dia 22 de outubro. Uma queda de 39,3% em pouco menos de um ano.
Surge então a questão: seria hora de comprar, ou a cotação ainda não caiu tudo que pode cair? Não é demais lembrar que, em dois anos, a mínima foi de 15,65, no dia 21 de novembro de 2008. Ontem, no fechamento, estava cotada a 26,49.
Ou seja, a cotação atual encontra-se cerca de 40% acima do mínimo em dois anos, e 32,4% abaixo do máximo no mesmo período.
Assim, para quem acha que está "barata", nada impede que caia ainda mais, atingindo patamares inferiores ao mínimo anual.
Como também nada impede que recupere um pouco das perdas sofridas no último ano, e obtenha valorização significativa, deixando de fora quem não arriscou.
O que fazer então? Aguardar para ver se cai mais, correndo-se o risco de perder a oportunidade de comprar os papéis a bom preço, ou comprar agora e correr o risco de uma desvalorização mais forte?
Do ponto de vista fundamentalista, os múltiplos da empresa estão atraentes. O PL (Preço/Lucro), por exemplo, está em 7, o que é muito bom. A expectativa de rentabilidade (ROE) está em 18.75, o que também é muito bom. O Dividend Yield (DY) deve ficar em torno de 3% este ano, mas o pagamento de dividendos nunca foi o forte da empresa. Os anúncios de novas descobertas de campos petrolíferos são constantes, e há a perspectiva do início da exploração comercial do pré-sal. Essas as boas notícias.
Por outro lado, há o risco do uso político da companhia, o que foi constatado com clareza na última eleição presidencial. E o risco da própria extração do petróleo em águas ultraprofundas, adicionado ao risco inerente da atividade petrolífera (vide caso BP no golfo do México). Mas tudo isso, penso eu, já está devidamente "precificado", e refletiu na violenta queda na cotação das ações da PETRO no último ano.
Some-se a isso o fato de que, após a capitalização, existem hoje nada menos que 3.700.000.000 (três bilhões e setecentos milhões) de ações preferenciais (PETR4) em circulação. Apenas para comparação, a Vale possui 2.110.000.000 (dois bilhões, cento e dez milhões) de ações preferenciais (VALE5). Ou seja: é ação demais, e gente demais para negociá-las, o que, na minha visão, trava valorizações mais acentuadas no curto prazo.
Voltamos então à questão título deste post: é hora de comprar ações da Petrobrás?
A minha resposta é "sim", se você mira o médio e longo prazo, e "não", para os traders de curto prazo. Justifico.
Caso não haja uma nova crise como a de 2008, acredito sinceramente na recuperação das ações da PETRO já em 2011. Não numa recuperação rápida, pois o mercado ainda está desconfiado em relação à empresa, especialmente quanto à sua governança. Mas aos poucos as recomendações para inserção nas carteiras vão retornando, as alterações nos ratings das agências de risco vão melhorando, e a recuperação será inevitável. Insisto: lentamente, o que não favorece os traders de curto prazo.
Se sobrevier nova crise, nenhuma ação passará ilesa, o prejuízo será generalizado, tal como se deu em 2008. Mas ainda aí, o fato de já encontrar-se bastante "descontada" a ação pode minimizar a perda. É a aplicação às avessas do dito popular "quanto mais alto, maior o tombo".
Como adepto da estratégia "buy and hold", qualificada pela venda coberta de opções, não vejo problema nenhum em comprar as ações da PETRO. Tanto que o peso de PETR4 em minha carteira atual é de nada menos que 97%, a um preço médio de 26,88.
Na venda coberta, utilizo a estratégia ATM (at the money), o que aumenta o risco de ser exercido, mas tem garantido uma ótima rentabilidade.
Porém, a partir do mês que vem, pretendo vender apenas opções OTM (out of the money), mas no primeiro strike disponível, pois acredito que o início da recuperação está próximo, e não quero perder uma possível valorização dos papéis.
Seu comentário a respeito será muito bem-vindo.
Um abraço a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário